sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Aaaah, o natal...

Então é natal... tranquem suas chaminés, recolham seus sapatinhos, o velho batuta tá na área.


Natal... o dia mais melancólico do ano. Dia em que os solitários se sentem mais solitários, os miseráveis se sentem mais miseráveis, os explorados se sentem mais explorados, e por aí vai.

Natal é tempo de renovação. Renovação da fome, da desigualdade, do capitalismo, do consumo alienado, da exploração do homem pelo homem, da indignidade humana...

O natal deveria existir para celebrar o amor de Deus revelado através de Jesus Cristo. Mas eu não vejo Deus em mesas fartas contrastando com panelas vazias, ou em luzes de natal contrastando com terras indígenas alagadas por alguma hidrelétrica, ou em um rebanho de consumidores vorazes entre jingles natalinos da Coca-Cola, da Leader Magazine e do mercado Guanabara. Jesus é usado como desculpa para Papai Noel (filha da puta!) invadir nossas chaminés inexistentes e levar nosso dinheiro e nossa dignidade dentro de seu saco sem fundos que ele esconde no porta-malas do seu trenó voador, puxado pelas renas sorridentes (nossa, mais alguém viu isso? Acho que botaram algo na minha bebida.). Além do mais, ninguém me convence que Jesus é capricorniano.

Estava vendo TV agora mesmo e me indignei com a covardia de uma cena: um homem vestido de Papai Noel distribuía presentes a crianças pobres e uma senhora humilde chorava dizendo que ele era uma bênção na vida dela porque ela não tinha dinheiro pra comprar um presente para o filho. Pensei: capitalismo selvagem tá aí. A pobre senhora, assim como a maior parte da civilização ocidental, é levada a crer que tem alguma obrigação comercial no natal, que seu amor pela sua família é medido por sua capacidade de presentiá-la, fazendo com que ela se sinta culpada e até envergonhada por não poder realizar esse ideal capitalista. Isso é muita covardia! Esse é o momento em que Jesus irado destrói o templo e diz que em sua casa não deve haver comércio.

Eu nunca acreditei no bom velhinho, graças a um ódio de infância que minha mãe nutre pelo velho porque uma vez quando era criança lá na roça, pediu o ano inteiro pra ganhar uma boneca, foi uma boa menina, e no final das contas ganhou um guarda-chuva. Enquanto isso uma filhinha de papai que tinha escrotizado o ano todo ganhou uma boneca. Minha mãe, com sangue nos olhos, pensou algo mais ou menos assim: “Papai Noel (filha da puta!) rejeita os miseráveis! Eu quero matá-lo! Aquele porco capitalista. Presenteia os ricos, cospe nos pobres!” Desde então ela vem disseminando a discórdia entre o bom velhinho e o mundo. 



Meus pais alugaram uma casa para uma empresa que trouxe um grupo de dez trabalhadores da construção civil que vieram do Maranhão em busca de trabalho. Tudo que eles possuem de seu são suas mochilas de roupas e seus colchonetes. Estavam tristes, longe de suas famílias que não vêem há meses, não podem enviar presentes aos seus filhos. Eles enfrentam essa realidade todos os dias, mas caso consigam suportar, existe o natal pra fazer a gente se lembrar o quão fudidos nós somos. Como se desse pra esquecer. Deve ser por isso que todo mundo enche a cara no natal (beber pra esquecer). Além é claro da quase imposição de se estar com o coração cheio de amor e felicidade (beber porque está alegre). É proibido ficar triste no natal. A tristeza é obrigada a entrar em recesso de Dezembro a Fevereiro. Mas foi bom tê-los por aqui neste natal, saí da rotina natalina de ficar na internet depois de comer panetone e fofocar com as vizinhas, e fui jogar “toco” com eles.. É uma espécie de sueca maranhense. Acho que conseguimos nos divertir. Mais um natal superado.


E o que dizer daquele que é o mais esperado do ano? O belíssimo, magnífico: espírito natalino! Bem, o famoso espírito natalino é um caboclo canastrão que teima em baixar em meio mundo no natal. Do alcoólatra que fica um dia sem bater na mulher ao mega empresário que destina 0,001 % da renda das vendas de sua comida gordurosa para as criancinhas com câncer, todo o mundo ocidental é acometido por essa entidade, que desaparece com a mesma rapidez com que surge.

Eu proponho o exorcismo do caboclo, bem como propus (sem sucesso) um apagão na noite de natal, para nos lembrar que vivemos uma crise energética e uma era de escassez de recursos naturais e que portanto é no mínimo irracional insistirmos em pisca-pisca e árvore de natal da Lagoa. Isso já era! Entramos num novo estágio! Já é hora de reinventarmos nossos hábitos.


E o pobre do chester? Quem foi o o nazista que inventou o chester? Já não chega toda a crueldade que a indústria da carne derrama sem dó sobre os animais? Ainda tem que inventar uma nova espécie pra isso? O chester é o cordeiro sacrificado dos dias de hoje. Na minha casa não entra chester. Minha mãe adotou a causa.



Mas a maior incógnita do natal talvez seja a rabanada (...). Eu não sei quem foi a pessoa super esperta que inventou um pão duro, cheio de açúcar, frito, que diz a lenda fica mais gostoso no dia seguinte, mas tenho certeza de que essa pessoa foi quem lançou a moda da pegadinha. Rabanada certamente é a piada mais bem sucedida da história. Todo mundo acreditou que era sério e continuam comendo essa porcaria até hoje.

Bem, eu como uma boa “mal amada” que sou, poderia ficar aqui horas jogando no ventilador toda a merda da maior festa cristã desse mundo Judas, mas natal é tempo de alegria. Então o que me resta é curtir um pouco do maior sucesso natalino de todos os tempos, “Papai Noel (filho da puta!) Velho Batuta, dos Garotos Podres, e ansiar por mais uma “noite feliz, noite feliz...”


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Do Direito à Poesia


Não sou poeta porque escrevo poesia. Sou poeta porque estou viva. Escrever poesia é um exercício de humanidade.


Deveria estar garantido na Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano terá direito à poesia”.

Ser poeta é perceber as nuances de tudo que nos cerca, nos permitir tocar por todas as cores e sons, e energias que há nesse mundo, e reagir. A poesia é a verdadeira imortalidade da alma.

O ser humano é poeta em sua essência, nasce poeta. Mas logo aprende a tolher o seu espírito, a guarda-lo em um lugar onde ele não possa oferecer ameaça à ordem imposta.

Poesia é a resistência daquela parte interna do ser humano que não adormeceu, não foi hipnotizada. é aquela força interior que teima em gritar que está viva.

Me entristecem aqueles que não são poetas, pois eles não sabem que tem todo o direito de sê-lo. Não sabem que a poesia é uma necessidade vital. Por isso muitas vezes, estão mortos em vida.

Não escrevo poesia porque sou artista, ou porque sou romântica, ou quem sabe sonhadora. Sou é todas essas coisas, porque sou poeta. Porque sou humana, porque sou livre, e sobretudo porque estou viva. E quando não mais estiver, minha poesia viverá no peito de outros poetas, contando a eles que um dia eu também estive por aqui. E que amei, e chorei, e odiei, e ri, assim como eles.

A poesia se estende a todos. Não vê rosto, credo, cor ou nacionalidade. Ela vive dentro de cada um, em cada cantinho do mundo, tenha ela a forma que tiver, expresse o que expressar.

Viver seria bem menos assustador se todos descobrissem que são poetas por natureza.


Link para minha vida poetizada: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=32720

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

MARY RECOMIENDA: ASTROS

Personas, este humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da Web tem mais uma boa pra indicar. Bem, não é segredo para ninguém que eu sou superhipermegaextrafãplus do Trem da Alegria e que vivo caçando seus ex-integrantes por aí e acompanhando o que eles andam fazendo. A propósito, eles vão muito bem. Patricia lança disco novo em Março, Luciano também está com disco novo, aliás os dois estão cantando melhor do que nunca, se é que é possível cantar ainda melhor. Mas hoje o assunto mesmo é o futuro presidente do Brasil, Juninho Bill. Gente, a banda nova dele é F#@*! Se chama "Astros" e Mary Recomienda um clip deles que está noYoutube, de uma música chamada "Avise Alguém".
Lá vai o link. E preparem-se para o Rock n' Roll, porque Juninho Bill tem de sobra na veia. Aliás, se alguém encontrar com ele por aí (o que é muito difícil de conseguir na Internet), peça-o em casamento por mim.

http://www.youtube.com/watch?v=H-gbcw10sNA

domingo, 11 de outubro de 2009

ANOS 90 - Se é pra reviver, que seja o GRUNGE.


Este humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da Web vive nesse momento um drama muito profundo, relacionado ao futuro da vida cultural da humanidade.
Existe uma história de que toda década é revivida após vinte anos. Lembro que nos anos 80 a onda era reviver os 60, assim como a onda atualmente é reviver os 80. Isso me deixa tensa porque o próximo capítulo inevitavelmente deverá ser os anos 90. Aí já não sei se quero continuar com essa brincadeira. Não dá pra ficar com os 60, 70 e 80 pra sempre, não? O que vale a pena relembrar nos anos 90? Bem, uma coisa é certa. O que é muito ruim não costuma sobreviver ao tempo. Ufa!
Realmente não acredito que o Terra Samba tenha quorum nos dias de hoje. Também duvido que a bunda da Carla Perez volte a causar frisson, até porque hoje temos drogas bem mais pesadas como a Mulher Melancia (bota pesada nisso). E sinceramente, sem maldade no coração, se o Kiloucura se atrevesse a evoluir em uma de suas performances de programa de auditório hoje, ninguém seguraria a gargalhada. E os clips do Ace of Base (que eu até achava legal), onde eles se pretendiam moderninhos, hoje me soam como algo de 100 anos atrás. Prefiro rever o clip de “Crazy”, do Aerosmith, onde as belíssimas Liv Tyler (minha musa) e Alicia Silverstone são tudo o que uma garota poderia querer ser, ou reviver Briget Fonda e Mat Dillon em “Vida de Solteiro”. Nem mesmo as Spices Girls conseguem mais ser sensação por mais de 15 minutos (nem com Vitoria, que agora é Beckham). Aliás, essa onda de retorno de grupecos como Vitoria e sua curriola, New Kids on the Block e Backstreet Boys é uma forte evidência do que estamos prestes a enfrentar com a virada de década. Mas o fato é que vão-se os hímens, ficam os motéis (tudo bem, eu sei, essa foi podre). Eu quero dizer é que vai-se o Than, ficam o Pearl Jam, o Soundgarden, o Alice in Chains, o Stone Temple Pilots...
É verdade que um ou outro eram bem mais interessantes nos anos 90, como o Green Day (que agora é Emo) por exemplo, que sempre foi uma daquelas bandinhas adolescentes de Hardcore sem conteúdo, típicas dos 90, mas que todo mundo adorava porque mesmo sendo o que eram, conseguiam fazer discos imperdíveis como o “Dookie”. Ou os Raimundos que conseguiam ser bobos e geniais ao mesmo tempo, tirando o rock and Roll da caretice de não querer se misturar. Além é claro do Planet Hemp, que com maconha ou sem maconha tinha o único D2 que vale a pena.
Nem vou falar nada do Manguebeat, porque esse atravessou os anos e se tornou atemporal, e gerou muitos outros frutos na música brasileira (aliás, os anos 90 devem a alma a Recife). Salve Chico Science! Sendo assim, minha única esperança de retorno está no Grunge. Não só na música, mas na moda também. Vamos combinar que ninguém nos dias de hoje gostaria de voltar àquela estética cafona-periguete e careta dos 90. Confesso que a melhor coisa que usei naquela época foi calça rasgada, casaco xadrez e All Star vermelho. O Grunge sem dúvida salvou os anos 90 da mais completa desgraça numa proporção universal (um inferno Pop/Axé/Pagodinho fuleiro). Então vamos combinar uma coisa: se é pra reviver, que seja o Grunge, ok? Então vamos nos preparar para encarar essa juntos, e que Kurt Cobain nos ajude!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Desligue a televisão e vá ler um livro ou feche o livro e vá ver televisão?

Eu também estive na Bienal do Livro esses dias e gostei bastante (mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena). Encontrei algumas coisas bem legais também. Mas dentre tantas publicações, editoras e tal, a gente sempre se depara com coisas que nos deixam constrangidos. Será que existe hoje um espaço literário onde possamos estar a salvo de livros de auto-ajuda e coisas do tipo? Que surto é esse de livros que te ensinam tudo? É livro pra te ensinar a arrumar namorado; livro pra te ensinar a ganhar dinheiro; livro pra te ensinar a ser mais sociável; livro pra te ensinar a fazer sexo, enfim... para tudo o que você pensar alguém escreveu um livro dizendo como deve ser. Chego até à conclusão de que o povo brasileiro está na situação em que está porque não lê, pois se lesse encontraria a solução para os seus problemas. Realmente a falta de cultura de leitura é um problema  de estado. Não sei porque existem tantas pessoas pobres no país. O que mais se vê são autores contando seus segredos de sucesso, como enriqueceram e tal, pois afinal já diria a rainha dos (QIs) baixinhos, "tudo o que eu quiser o cara lá de cima vai me dar". Será que o MEC deveria considerar a possibilidade de distribuir "O Segredo" como livro didático nas escolas públicas?
O que é pior, ler uma dessas porcarias ou ver o Big Brother? Desligue a televisão e vá ler um livro ou feche o livro e vá ver televisão? Que (des)vantagem Mary leva afinal?

Eu  particularmente fico mais constrangida mesmo quando me deparo com livros escritos por mulheres, nos lembrando o quão sacaneadas nós somos, com títulos como "Pense como um homem e conquiste o seu" (as ilustrações de capa também não deixam por menos). Eu sei que eu sou a parcela mais intelectualmente sacaneada da sociedade, eu não preciso de livros que esfreguem isso na minha cara. E esses livros são escritos e publicados como se fossem mesmo algo muito surpreendente, que mudará nossas vidas. Algo para você abrir e ficar boquiaberto. O pior é que isso vende como água. Prova disso é o grande interesse das editoras em publicar cada vez mais esse lixo literário.
Por favor pessoas, vamos ser mais criteriosos nas nossas leituras! Eu sinto vergonha quando paro em frente a uma prateleira e me deparo com livros que querem me ensinar a arrumar namorado, pensar como homem (é sério), etc. Se é pra ler besteira que seja Paulo Coelho que pelo menos é imortal, pois nasceu a dez mil anos atrás (licença para piadinha infame).

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E quando o brilho do amor chegar eu quero é mais brincar. Melhor é ser criança!


Outro dia ouvi (eu, foto ao lado) alguém dizendo que temos muito o que aprender com as crianças. Sempre acho estranho quando ouço alguém dizer isso porque afinal, o que somos todos nós se não crianças crescidas? Não me refiro aqui ao termo criança de maneira pejorativa absolutamente, e sim da maneira mais positiva possível. O que na verdade precisamos não é olhar para as crianças, é olhar para dentro de nós mesmos, e se encontrarmos algum resquício do que costumávamos ser, não deixarmos que ele volte a se perder.
Sabe, eu nunca consegui me adaptar totalmente à vida adulta. Eu não quero ser adulta, eu quero só ser Mary. E Mary é adulta, é criança, é adolescente e é até velha. Cada uma em seu momento. Mas ao olhar para mim, você apenas espera ver uma pessoa adaptada às expectativas de seu universo. Os adultos são assim.
Eu desfio meu sarcasmo por aqui, falo palavrão, e você acha que eu sou só isso. Nós, adultos, temos esse hábito. Olhamos um para o outro e achamos que nos conhecemos, mas ser criança é ser o que você quiser, na hora em que você quiser, e não se envergonhar nem um pouco disso e nem pedir permissão a ninguém. Você ainda deve se lembrar como era. Faça uma forcinha, volte a ser criança para ser um adulto melhor.
O fato é que você me olha e me julga um monte de coisas que você supõe, mas você não sabe e nem quer saber que você também está olhando para alguém que chora ouvindo “Cãozinho Xuxo”; que sempre gostou das jujubas verdes; e que todas as minhas bonecas e bichinhos de pelúcia possuem um nome; que eu faço poesia para os meus cachorros e meu abacateiro; que eu só tomo suco em um copo de requeijão escrito “suco Mary” com esmalte; que eu guardo (e ouço) os vinis dos Menudos; que eu tomo vitamina de banana no bar; que no meu quarto a cortina é de peixinho, feita pela minha mãe, porque eu queria morar no mar; que eu uso a camisola que foi da minha falecida avó (aliás estou com ela nesse momento); que eu queria ser uma das ajudantes de palco da Mara Maravilha ou a Amanda do Trem da Alegria porque eu as achava as meninas mais bonitas da TV; que eu chorei quando o Chaves foi embora da vila; que minha cachorra Mimosa uma vez fugiu de casa e foi lá na minha escola criando a maior confusão; que eu já interpretei o amor no teatrinho da escola; que eu fiz xixi nas calças na 2º série; que eu tinha a carteirinha do Clube do Bocão Royal, do Clube da Criança; enfim...
O que quero dizer é que ser adulta não me impede de ser criança. Ser uma pessoa mais experiente não me impede de ser inocente, e é justamente disso que eu sinto falta nas pessoas, a inocência infantil. Ao invés daquela coisa de querer sempre ser malandro, de querer sempre ser viril, de querer sempre ser sexy, sempre cult, sempre “normal”. Temos que nos lembrar do que era bom, do que era verdadeiro. Resgatar dentro de nós aquilo que esperamos aprender com as crianças que ainda não cresceram, pois está tudo lá, dentro do seu coração. É só deixar sair.

sábado, 5 de setembro de 2009

MARY RECOMIENDA: Monumento Inverso

Em 2001, dois dos meus melhores amigos, os MCs Ofusca e Ramon, fundaram o Monumento Inverso. O nome foi inspirado no pont de skate da Praça XV, onde eles costumavam dar rolé. A parceria deu muito certo na cena underground carioca e passou posteriormente a contar com o Dj Erik.
Eu sou suspeita pra falar, uma vez que sou família Monumento Inverso até o osso, mas posso afirmar que o Monumento é rap da melhor qualidade, o que pode ser conferido no EP que eles lançaram de maneira independente em 2007, "Subindo  Ladeira", título homônimo à música que já é um clássico do Monumento e do hip-hop Lapa.
Para conferir o som dos caras:
Comunidade no Orkut: 
"Então bagunça... ih!" Rsrsrs!

sábado, 29 de agosto de 2009

Afinal quem é brega no Brasil?

Tenho ouvido muitas coisas a respeito do compositor mais “papo reto” do Brasil: Belchior. Coisas positivas e coisas negativas. Até acho interessante a nova mania nacional de elaborar hipóteses para o sumiço de Belchior, embora eu acredite realmente que o Nietzsche brasileiro se cansou de toda essa mediocridade contemporânea e foi dar um rolé, “andar caminho errado pela simples alegria de ser”. Mas o que realmente me incomoda é quando alguém cai no lugar comum de dizer que Belchior é brega. Aí mexeu comigo!

Como podem reduzir a brega um cara que canta: “eu quero é que esse canto torto, feito faca corte a carne de vocês”? Qual foi a parte que eles não entenderam? Belchior é brega? O cara que compôs “Alucinação”, “Velha Roupa Colorida”, “Coração Selvagem”, “Comentário a respeito de John”, “Fotografia 3 x 4”, “Divina Comédia Humana”, “Mucuripe”, “Galos, Noites e Quintais”, “Como Nossos Pais”, e tantas outras canções fantásticas? Não, não! Brega é Fresno! (como diria meu amigo Orlando) Brega é a MTV querendo nos empurrar essas bandinhas e artistas sem conteúdo, brasileiros ou gringos, goela abaixo. Tentando transformar adolescentes brasileiros em paulistas e adolescentes paulistas em estadunidenses.
Para estimular a reflexão a respeito dessa discussão sobre o que é ou não brega, destaquei algumas coisas que eu considero verdadeiramente bregas, no pior sentido da palavra:

Querer adotar um modo de vida norte-americano em plena América do Sul; vestir crianças como personagens de “Malhação”; chamar ex- BBB de artista; querer ser playboy no terceiro mundo; ser racista em um país miscigenado; patricinhas tijucanas; esticar o cabelo para ir à praia; chamar fofoca sensacionalista de liberdade de expressão; dizer que vai a Nova York “se reciclar”; maconheiro de classe média que tem medinho de entrar na favela porque acha “mó bad trip”; pseudo-intelectuais; “cult bacaninhas” preconceituosos que chamam de brega tudo o que é popular; estudantes de engenharia dançando Funk em chopada; advogados que exigem serem chamados de doutor; chamar de doutor qualquer um que tenha dinheiro ou diploma; frequentar lugares de “gente bonita”; morar em Jacarepaguá e dizer que mora na Barra; a própria Barra da Tijuca, prima pobre de Miami, por si só é uma ode ao pensamento provinciano brasileiro; chamar nordestino de paraíba; neo-nazismo no século XXI; capa da Revista Sexy se auto intitular modelo e atriz; ir para o BBB pleitear contrato com a Playboy; falar em inglês coisas que podem perfeitamente ser ditas em português; chamar mulher de “cavala” ou “mulezinha”; emo de cabelo crespo que se mata a alisar o cabelo pra ficar com cara de inglês, mas só consegue ficar com cara de emo de cabelo crespo que se mata a alisar o cabelo pra ficar com cara de inglês; falta de consciência ecológica; silicone no peito do tamanho de uma bunda; balé de programa de auditório; mulheres fruta; madrinhas de bateria que só querem se promover e muitas vezes nem sabem sambar; mandar recados malcriados para pessoas que visitam seu Orkut; escrever frases clichês de liçãozinha de vida no MSN; chamar negro de moreno; mandar mendigo ir trabalhar; ser meritocrata no mundo subdesenvolvido; acompanhar vida de “celebridades”, falar gritando com as pessoas; etc, etc.

Enfim... eu poderia ficar aqui a vida toda que a lista não chegaria ao fim. Mas o que eu quero mesmo dizer é que não existe nada mais brega do que não se assumir do jeito que é, do que ficar querendo se distanciar de suas origens, do que ter complexo de inferioridade mal resolvido achando que há sempre um lugar que tem mais valor que o seu, do que ter medo de parecer brega, medo de mostrar suas vísceras.
Belchior sabe exatamente como fazer a veia do pescoço pulsar e, tudo o que foge disso para mim é de mau gosto.
Se ser brega é dançar forró na Feira de São Cristóvão ao invés de curtir uma “night” cheia de “gente bonita”, eu desejo vida longa ao brega e declaro: eu sou brega! E digo mais, nós somos muito mais geniais e talentosos quando não estamos tentando parecer geniais e talentosos, pois a sinceridade é a verdadeira elegância da vida. Como diria o grande mestre Belchior, “eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais. (...)amar e mudar as coisas me interessa mais.”

sábado, 22 de agosto de 2009

MARY RECOMIENDA: Fernando S.


Este humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da Web inaugura a série MARY RECOMIENDA com o trabalho do músico Fernando S.



Fernando S. é um pernambucano radicado no Rio de Janeiro, guitarrista da banda Bárbara e os Perversos,  e acaba de concluir um álbum espetacular, "Aipim não é Macaxeira". Uma brincadeira que surgiu dessa conexão Rio - Recife, e que traz para contextos cariocas toda a musicalidade única de Recife. Eu tive o prazer de participar do disco em uma das faixas, "Vestido Azul". O disco conta com outras participações em outras faixas também. Vale a pena conferir o trabalho desse cara.



Para conferir: www.myspace.com/fernandojuniorz

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O mistério do planeta

É impressionante a ligação que somos capazes de estabelecer com pessoas com quem estivemos poucas vezes, enquanto com algumas pessoas que conhecemos a vida toda não entramos na mesma sintonia. Eu tenho alguns amigos assim. Pessoas com quem estive fisicamente poucas vezes, ou até nenhuma, mas que me ganharam completamente e sempre me terão. Em qualquer época e qualquer lugar do mundo. Porque são feitas da mesma energia que eu. São pessoas para quem não preciso ficar falando o tempo todo como as coisas são, pois as coisas simplismente são como são e nós sabemos disso.
Hoje uma dessas pessoas queridas esteve por aqui neste humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da web e compartilhou comigo das emoções contidas por aqui. Me mostrou uma de suas poesias, após ler o primeiro texto que postei aqui, onde ele homenageia as mulheres. Retribuindo a homenagem, estou postando aqui sua poesia. Aproveito para agradecer a todas as pessoas lindas que já cruzaram meu caminho por me doarem um pouquinho de sua energia e receberem um pouquinho da minha. Para mim, a vida é feita disso. Como cantaram os Novos Baianos:
"Vou mostrando como sou / e vou sendo como posso / jogando meu corpo no mundo / andando por todos os cantos / e pela lei natural dos encontros / eu deixo e recebo um tanto"



Um dia me questionei o quanto era estranho esse ser
Que se comporta, por muito, de forma tão diferente
Mas depois de muito pensar
Avaliei que não há o que pensar
O que em verdade há
É a admiração que a ela devo dispensar
Sem medições muito menos interrupções
Apenas admirar
E aquele que conseguir captar seu mais profundo olhar
Serás um felizardo
Pois dele saltará toda a vontade de vida e fome de gozo
E penso que comando minha vida... Que ingênuo
Faz caras e bocas para me manipular
Faz-me flectir
E caio como cobaia induzido ao erro
Porém o que seria um erro
Acaba por se transformar no mais certo dos acertos
Pois contigo vivo os mais deliciosos dos momentos
E aquele olhar carente...
Não resisto
Como consegue ser tão perfeita?
Às vezes chego a pensar que és uma flor ambulante
Pelo aroma que exala quando passa
Pela beleza que me paralisa quando a vejo
Pela doçura que produz com seu néctar
E massiês aveludada de sua epiderme
Todavia quando a vejo lutar
Acredito ser a mais forte das ondas marítimas
Que arrasta tudo e todos que seu caminho atravessa
Mas, ainda sim, como um sopro de primavera
O que eu desejo...?
Dormir com a flor
E acordar com o sopro de primavera.

TAIRONE RODRIGUES PAIVA
09/03/2007

domingo, 28 de junho de 2009

Michael Jackson - Choros e velas sem o menor pudor


Declaro que este humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da Web se encontra em estado de luto por tempo indeterminado, pela morte de Michael Jackson.

Quem nunca tentou o Moonwalker que atire a primeira pedra! É isso aí, eu também compartilho da comoção mundial e não vou me estender. Apenas quero pontuar algumas coisas aqui:

-Eu sempre acreditei que Michael era inocente perante todas as acusações ridículas de pedofilia, e ainda que alguma das acusações fosse verdade, seria tudo culpa do pai dele.

-Eu sempre achei uma crueldade muito grande o que a imprensa fez com ele, o acusando de renegar sua negritude, quando o cara era doente e ainda era um dos artistas que mais contribuiram para o crescimento da black music.

-Alguém com a história de vida dele não poderia mesmo ser bem resolvido emocionalmente. Não estou afirmando que ele não era. Alguém que compõe "Heal the Word" certamente está em uma conexão com a vida bem mais intensa que o restante do mundo.

-Acho absurdamente medíocre um mundo onde gênios como Michael Jackson são atacados, acusados de loucos, ridicularizados. Onde todos querem arrancar um pedacinho dele, todos querem levar alguma vantagem à sua custa. Um mundo assim não merece os gênios e heróis que tem.

-Alguns dizem que é hipocrisia chorar sua morte, pois o Michael que choramos é o de décadas atrás e não a figura patética que ele se tornou. Eu digo que sonhos não envelhecem. E me dou o direito de chorar por um ícone da minha geração, que deve e merece ser respeitado e homenageado enquanto houver música e coração nesse mundo. Aliás, se ele não tivesse tamanha sensibilidade, não teria se transformado nessa "figura patética" para a qual todos nós o empurramos.

-Nunca mais vou ouvir "Ben" na minha vida. Se eu já me acabava de chorar antes, agora é auto tortura.

-Sim, eu estou tomada pela emoção e não me envergonho disso. Pobre do ser humano que não se permite emocionar.

Esta é minha pequena homenagem a esse artista, cuja existência povoa o mundo que conheço desde que nasci. Onde sua memória estiver presente, "i'll be there".


Sem mais.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Se você é mal amada, durma com um magro careca e acorde com a força do tigre.

Qual é o problema em acordar de mau humor? Quem foi que falou que devemos acordar como se estivéssemos num antigo filme musical bem piegas?
Na nossa sociedade as pessoas acham que todo mundo tem que acordar em um horário determinado, cantando, dançando e sorrindo, pois viver é lindo, o milagre da vida é lindo, o mundo é lindo, e todas essas idiotices que o Pedro Bial gosta de falar na televisão.
Se você não é superficial ou não tem poder de abstração suficiente para incorporar esse discurso ridículo, então é falta de sexo. E ponto final. E não tente argumentar, pois é coisa de gente mal amada.
Uma mulher com um pouco de profundidade, capaz de não achar o entretenimento da novela suficiente para sustentar seu falso sorriso, e ainda por cima solteira, é reduzida a mal amada porque não tem piru (uma espécie de sol, caso nossa sociedade fosse o sistema solar); se estiver casada ou comprometida com o tal piru (que tem vida própria, é como uma entidade) e mesmo assim não acordar de bom humor, é mal comida. O dono do piru não está “comparecendo com suas obrigações” de macho machista dominante. Agora, se ela se relaciona com o(os) tal(tais) piru(pirus) relegando a ele(eles) o valor que realmente tem(têm, antes da reforma ortográfica), sem se comprometer com o(os) dono(donos) do(dos) tal(tais) piru(pirus), então ela é a pior das mal amadas, pois não é capaz de “segurar um homem”. Situação gravíssima! Caso para gravidez de emergência. Pois toda mulher deve sonhar em encontrar seu príncipe encantado, casar de véu e grinalda, e ter muitos filhos para educar tão mal quanto foi educada. Se o lance dela com o dono do piru não é romance ou compromisso é porque ele não quer, é claro, porque toda mulher normal quer. Mesmo que o dono do piru seja grosso, machista, chato, insensível, careta, violento, desrespeitoso, arrogante, presunçoso, paranóico, ciumento, explorador, burro, fedorento e todo peludo, sexista, autoritário, porco, preconceituoso, moralista ou pseudo moralista. O importante é assegurar sua colocação na corrida social pelo tal piru, para não se tornar a mal amada que vai acordar de mau humor. Acho que a gente realmente acredita naqueles comerciais de Sucrilhos Kellogg's, onde todos acordam descendo por tubos de bombeiros, com a força do tigre no corpo.
Ora, os índios Guarani quando acordam não fazem esse estardalhaço todo. Eles apenas dizem “jawvy ju”, algo como “estamos vivos novamente” ou “continuamos vivos”. Nenhum deles acorda sapateando como Gene Kelly. Acho que temos muito o que aprender com eles. Aliás, a título de conhecimento, a palavra “piru” em guarani quer dizer magro. Isso me leva a crer que é dos magros que elas gostam mais, além dos carecas. Mais precisamente do magro careca. Aquele que vai resolver todos os problemas do mundo. Vai acabar com as guerras, vai engordar sua conta bancária, vai acabar com as obras ao lado da sua casa que começam antes do sol nascer, vai acabar com a sua fome, com a sua gripe, com as suas banhas e com os reality shows na televisão. Vai liberar o tráfego na hora do rush, e ônibus lotado, nunca mais. Vai fazer seu chefe te dar férias muito bem remuneradas mês sim, mês não, vai fazer a reforma agrária, e por aí vai... ah, ele também vai promover um fuzilamento em massa dos grupos de pagode porno-romântico, das mulheres fruta, dos apresentadores de programas sensacionalistas e dos deputados anti cotas raciais.
Bem, depois do almoço eu começo a me apaixonar pela vida. Por enquanto, enquanto ainda tenho sono, fome e nariz entupido, me reservo o direito de ser “mal amada”. E não venham me dizer quem morreu porque não me interessa agora.
Sexo é realmente espetacular, mas os países com maior índice de desigualdade social e subdesenvolvimento continuam sendo os países com maior taxa de natalidade. Pois, como diriam os Titães, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.
As ambições de uma mulher vão muito além de um magro careca. E você, tigre dos Sucrilhos Kellogg's, vê se toma um Rivotril e vai dormir!