quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O AMOR É EGOÍSTA


Acho muito engraçado quando ouço alguém falar do amor como se ele fosse um poço de libertação e redenção. Me refiro ao amor romântico mesmo. Como pode o amor ser libertador? Eu não acredito em amor livre, relacionamento aberto, tão pouco em amor tranquilo e satisfeito. O amor é uma prisão com vista para o mar, uma impiedosa relação de poder. Eu to com o Cazuza quando ele diz: “As possibilidades de felicidade são egoístas, meu amor. Viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois.”
Quem ama quer aquilo que ama só para si. É ou não é? Temos que ter coragem de admitir que somos egoístas quando amamos. Esse papo de amor livre para mim é coisa de gente que não tem culhão para assumir os riscos. Eu conheço um monte de gente que mete essa broca e não segura a onda. Então por que essa demagogia de “sou uma pessoa mente aberta e bem resolvida, inteligente e moderna demais para admitir que amo como uma desgraçada, que morro de ciúme... Não me rebaixo”? Ah, vá te catar, mermão! Ninguém gosta de ver quem ama sendo aboletado por outrem não! Deixe a hipocrisia de lado. O amor só cuida de si. Maior prova disso é que quando você decide se separar de alguém por não amar mais a pessoa, bem decididinho mesmo, a pessoa pode se descabelar, cortar os pulsos, que você não volta a gostar dela por causa disso. É o amor cuidando de si mesmo.


Ninguém é obrigado a ficar com ninguém. Somos livres para irmos embora na hora em que quisermos. "Se quer ficar comigo, fique comigo", como diria Clementine Kruczynski. Se não quer ficar comigo, então vá embora e faça da sua vida o que quiser, você é livre para isso. Ou seja, “ou caga, ou desocupa a moita, malandro.” Isso sim é ser moderno, isso sim é ser sincero. E isso tá longe de ser conservadorismo. Isso é papo reto. Pensamento pequeno burguês é querer arrumar teorias científicas para sustentar sua insustentabilidade. É a própria “vanguarda”. Conservadorismo é querer teorizar amor com marxismo ou anarquismo, como muitas pessoas que eu conheço. Eu também sou libertária, mas não tente mexer com o que é meu que eu viro uma tirana sem a menor culpa. Eu estou dizendo para você ser uma pessoa neurótica e desacreditar no amor? NUNCA! Eu estou dizendo justamente o contrário, para você, caso se proponha a entrar nessa onda de amor, ser sincero com o amor, tentar relaxar e entender que ele é egoísta, que vive só para si. Não existe perfeição no amor, o amor é dotado de crueldade e vaidade sim, existe apenas o que nos vale e o que não nos vale. Isso funciona comigo? É CLARO QUE NÃO! Falar é muito mais fácil do que fazer, eu não sou tão evoluída assim. Talvez se me dedicasse mais às leituras marxistas... Rsrsrs! (Comeria a empregada)
É por isso que eu fecho com o Tom Zé, porque ele fala a verdade. Amor não tem nada a ver com bondade, generosidade, nem com gratidão. “Se você tá procurando amor, deixe a gratidão de lado. O que é que amor tem que ver com gratidão, menino? Que bobagem é essa? O amor é egoísta.” É o que diz Tom Zé na música “O Amor é um Rock”, do disco “Estudando Pagode”. Eu concordo plenamente com ele. Se você quer encontrar gratidão no amor, ame a sua mãe ou o seu cachorro. A paixão não vai te poupar, ela vai comer seu coração com farofa. Ou, segundo Lobão, “a paixão não tem nada a ver com a bondade, quando bate é o alarme de um louco desejo.”

No final das contas, o importante é cada um encontrar sua própria forma de amar e encontrar alguém que esteja disposto a amar da mesma maneira, e não sacanear ninguém, não mentir para si mesmo nem para ninguém. Agora, seja lá o que for que você escolher, é preciso ter culhão para segurar a onda, pois o amor, sentimento sem caráter que é, vai te devorar. Além do mais, quem não tem cú não faz trato com pica, malandro! Esse papo de que o amor é o supra-sumo da paz e felicidade é para fazer donas de casa desavisadas assistirem uma novela atrás da outra. Se você quer saber a verdade sobre o amor, ouça o Tom Zé quando ele alerta: “Sem alma, cruel, cretino, descarado, filho da mãe. O amor é um rock e a personalidade dele é um pagode.”


Veja o clipe de “O Amor é um Rock”:

http://www.youtube.com/watch?v=q67j7VCpA-E

FOTOS:
1- Cena do filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças"
2- Bilhete de aviso enviado pela clínica Lacuna no filme.
3- Nossa amada, impiedosa e rainha das sacações no filme, Clementine Kruczynski: "Eu sou só uma garota ferrada procurando por paz de espírito, cuide você da sua."