quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E quando o brilho do amor chegar eu quero é mais brincar. Melhor é ser criança!


Outro dia ouvi (eu, foto ao lado) alguém dizendo que temos muito o que aprender com as crianças. Sempre acho estranho quando ouço alguém dizer isso porque afinal, o que somos todos nós se não crianças crescidas? Não me refiro aqui ao termo criança de maneira pejorativa absolutamente, e sim da maneira mais positiva possível. O que na verdade precisamos não é olhar para as crianças, é olhar para dentro de nós mesmos, e se encontrarmos algum resquício do que costumávamos ser, não deixarmos que ele volte a se perder.
Sabe, eu nunca consegui me adaptar totalmente à vida adulta. Eu não quero ser adulta, eu quero só ser Mary. E Mary é adulta, é criança, é adolescente e é até velha. Cada uma em seu momento. Mas ao olhar para mim, você apenas espera ver uma pessoa adaptada às expectativas de seu universo. Os adultos são assim.
Eu desfio meu sarcasmo por aqui, falo palavrão, e você acha que eu sou só isso. Nós, adultos, temos esse hábito. Olhamos um para o outro e achamos que nos conhecemos, mas ser criança é ser o que você quiser, na hora em que você quiser, e não se envergonhar nem um pouco disso e nem pedir permissão a ninguém. Você ainda deve se lembrar como era. Faça uma forcinha, volte a ser criança para ser um adulto melhor.
O fato é que você me olha e me julga um monte de coisas que você supõe, mas você não sabe e nem quer saber que você também está olhando para alguém que chora ouvindo “Cãozinho Xuxo”; que sempre gostou das jujubas verdes; e que todas as minhas bonecas e bichinhos de pelúcia possuem um nome; que eu faço poesia para os meus cachorros e meu abacateiro; que eu só tomo suco em um copo de requeijão escrito “suco Mary” com esmalte; que eu guardo (e ouço) os vinis dos Menudos; que eu tomo vitamina de banana no bar; que no meu quarto a cortina é de peixinho, feita pela minha mãe, porque eu queria morar no mar; que eu uso a camisola que foi da minha falecida avó (aliás estou com ela nesse momento); que eu queria ser uma das ajudantes de palco da Mara Maravilha ou a Amanda do Trem da Alegria porque eu as achava as meninas mais bonitas da TV; que eu chorei quando o Chaves foi embora da vila; que minha cachorra Mimosa uma vez fugiu de casa e foi lá na minha escola criando a maior confusão; que eu já interpretei o amor no teatrinho da escola; que eu fiz xixi nas calças na 2º série; que eu tinha a carteirinha do Clube do Bocão Royal, do Clube da Criança; enfim...
O que quero dizer é que ser adulta não me impede de ser criança. Ser uma pessoa mais experiente não me impede de ser inocente, e é justamente disso que eu sinto falta nas pessoas, a inocência infantil. Ao invés daquela coisa de querer sempre ser malandro, de querer sempre ser viril, de querer sempre ser sexy, sempre cult, sempre “normal”. Temos que nos lembrar do que era bom, do que era verdadeiro. Resgatar dentro de nós aquilo que esperamos aprender com as crianças que ainda não cresceram, pois está tudo lá, dentro do seu coração. É só deixar sair.

5 comentários:

  1. Me deu vontade de brincar de comandos em ação,de brincar com os bonecos do he-man,de brincar de pique altinho,de jogar queimado...Mais um belo texto dessa espontânea peter pan.Beijos.

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  2. "Quando eu me lembro dos meus tempos de criança, jogo de botão ou de pelada, cara suja na calçada, calça curta e pé no chão..."
    A idade chega, as responsabilidades a passos largos, os aborrecimentos, as discórdias, o trabalho e seus estratagemas vis, o ter que ser tudo (Você tem fazer inglês, especialização, aprender um novo programa de pc, atualizar-se, reciclar-se, pós, mestrado, ter o carro do ano, a roupa da moda, o celular da moda, ser igual a todos, a padronização do adulto "bem sucedido",soviar e chupar cana...) e ser você. Porra bicho! Eu só quero e ser feliz!!! Precisamos de um escapismo, seja no campo ou nas atitudes pueris. Lembrando que não poemos perder a ternura. Isso dará um texto lá pro blog.
    bjo

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  3. Isso me lembra que no início do ano, nas férias de faculdade de uns e folgas de outros, estávamos eu e mais um monte de "marmanjos e marmanjas" correndo, as uma da manhã, um atrás dos outros... Brincando de "Pique Bandeirinha" na rua. Final das contas: Todo mundo de pé sujo, descalço, suado, cansado, maaaas... Rindo pra caralho. Parecia tolice e a maioria no dia seguinte chegou a conclusão que não tínhamos o que fazer mesmo , com tanta folga, pra chegar aquele ponto. Contudo foi bonzão po!

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