Este humilde e anárquico espaço esquecido nos confins da Web vive nesse momento um drama muito profundo, relacionado ao futuro da vida cultural da humanidade.
Existe uma história de que toda década é revivida após vinte anos. Lembro que nos anos 80 a onda era reviver os 60, assim como a onda atualmente é reviver os 80. Isso me deixa tensa porque o próximo capítulo inevitavelmente deverá ser os anos 90. Aí já não sei se quero continuar com essa brincadeira. Não dá pra ficar com os 60, 70 e 80 pra sempre, não? O que vale a pena relembrar nos anos 90? Bem, uma coisa é certa. O que é muito ruim não costuma sobreviver ao tempo. Ufa!
Realmente não acredito que o Terra Samba tenha quorum nos dias de hoje. Também duvido que a bunda da Carla Perez volte a causar frisson, até porque hoje temos drogas bem mais pesadas como a Mulher Melancia (bota pesada nisso). E sinceramente, sem maldade no coração, se o Kiloucura se atrevesse a evoluir em uma de suas performances de programa de auditório hoje, ninguém seguraria a gargalhada. E os clips do Ace of Base (que eu até achava legal), onde eles se pretendiam moderninhos, hoje me soam como algo de 100 anos atrás. Prefiro rever o clip de “Crazy”, do Aerosmith, onde as belíssimas Liv Tyler (minha musa) e Alicia Silverstone são tudo o que uma garota poderia querer ser, ou reviver Briget Fonda e Mat Dillon em “Vida de Solteiro”. Nem mesmo as Spices Girls conseguem mais ser sensação por mais de 15 minutos (nem com Vitoria, que agora é Beckham). Aliás, essa onda de retorno de grupecos como Vitoria e sua curriola, New Kids on the Block e Backstreet Boys é uma forte evidência do que estamos prestes a enfrentar com a virada de década. Mas o fato é que vão-se os hímens, ficam os motéis (tudo bem, eu sei, essa foi podre). Eu quero dizer é que vai-se o Than, ficam o Pearl Jam, o Soundgarden, o Alice in Chains, o Stone Temple Pilots...
É verdade que um ou outro eram bem mais interessantes nos anos 90, como o Green Day (que agora é Emo) por exemplo, que sempre foi uma daquelas bandinhas adolescentes de Hardcore sem conteúdo, típicas dos 90, mas que todo mundo adorava porque mesmo sendo o que eram, conseguiam fazer discos imperdíveis como o “Dookie”. Ou os Raimundos que conseguiam ser bobos e geniais ao mesmo tempo, tirando o rock and Roll da caretice de não querer se misturar. Além é claro do Planet Hemp, que com maconha ou sem maconha tinha o único D2 que vale a pena.
Nem vou falar nada do Manguebeat, porque esse atravessou os anos e se tornou atemporal, e gerou muitos outros frutos na música brasileira (aliás, os anos 90 devem a alma a Recife). Salve Chico Science! Sendo assim, minha única esperança de retorno está no Grunge. Não só na música, mas na moda também. Vamos combinar que ninguém nos dias de hoje gostaria de voltar àquela estética cafona-periguete e careta dos 90. Confesso que a melhor coisa que usei naquela época foi calça rasgada, casaco xadrez e All Star vermelho. O Grunge sem dúvida salvou os anos 90 da mais completa desgraça numa proporção universal (um inferno Pop/Axé/Pagodinho fuleiro). Então vamos combinar uma coisa: se é pra reviver, que seja o Grunge, ok? Então vamos nos preparar para encarar essa juntos, e que Kurt Cobain nos ajude!